Justiça suspende construção de condomínio na Zona Sul de SP; projeto prevê derrubada de 684 árvores
Parte das árvores já foi retirada com autorização da prefeitura e um termo de compensação ambiental. A liminar é do dia 4 de setembro.
A Justiça de São Paulo suspendeu, de forma liminar, a construção de um condomínio no Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, que a obra prevê o corte de quase 700 árvores.
Parte já foi derrubada, com autorização da prefeitura, mediante um termo de compensação ambiental, que é o plantio de mudas. A liminar é do dia 4 de setembro.
Um registro mostrou que em quase uma hora, um bosque praticamente inteiro foi para o chão. A moradora Luciana Dias registrou a situação da janela de casa, no dia 3 de setembro.
“Cada árvore que tombava era como se estivesse arrancando ou espetando algo dentro de mim.”
Em agosto do ano passado, o visual do alto era outro e os animais, que antes ficavam na mata, como pica-pau, saguis e tucanos, agora buscam abrigo no condomínio vizinho.
O Ministério Público entrou com uma outra ação pedindo a interrupção imediata dos cortes de árvores. A promotoria de meio ambiente apontou que o CAEx, o órgão técnico que auxilia o MP, verificou que a área em questão é parcialmente recoberta por Mata Atlântica, o que garante proteção por lei federal.
À TV Globo, a empreiteira informou que o projeto tem autorização dos órgãos ambientais e que o empreendimento ao lado foi erguido em um terreno com as mesmas características. Nesta segunda-feira (16), foi dado um prazo de três dias para que a Construtora Cury apresente a defesa sobre o corte das árvores.
Liberação para cortes
A construtora tem um termo de compromisso ambiental, que prevê o corte de 450 árvores nativas, 150 exóticas e 84 invasoras para abrir espaço para um empreendimento de interesse social. A prefeitura autorizou o corte, mediante uma compensação ambiental.
A construtora vai trocar as 684 árvores antigas pelo plantio de 457 mudas de 3 centímetros, além do pagamento de uma taxa equivalente à conversão de 664 mudas, que não serão plantadas.
O secretário municipal do verde e do meio ambiente, Rodrigo Ravena, defende o cálculo feito, e diz que os técnicos levaram em consideração o que determina a legislação.
“Nesse caso específico, ele não mantém a mesma quantidade de árvores, que a gente chama de densidade arbórea, mas a gente exigiu que a permeabilidade no terreno fosse de 50%. Mas por outro lado as árvores de compensação prestam um serviço de captura de CO2. As árvores de compensação ambiental, quando estão se desenvolvendo, prestam um serviço ambiental que as árvores adultas já não prestam mais.”
A área foi alvo de polêmica no passado, quando o condomínio vizinho, para onde os animais correram, se instalou. O próprio condomínio chegou a ficar seis anos embargado e só escapou de ser demolido porque a empreiteira se comprometeu judicialmente com a preservação ambiental do entorno.
Essa condição foi lembrada pela Justiça, que determinou que a construtora Cury "se abstenha de prosseguir com o novo empreendimento, sob pena de multa diária de R$ 30 mil".
A vizinhança, no entanto, afirmou que fez vídeos de homens trabalhando no local, na última quarta-feira.
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