Alerta acendeu em condomínio após 4 tentativas de suicídio em 2 meses
Grupo se mobilizou para falar sobre o tema e discutir formas de prevenção com psicólogo.
Como se atentar e ajudar mais de dois mil moradores quando o assunto é saúde mental? Nos últimos dois meses, o alerta acendeu em condomínio residencial localizado no bairro Tiradentes. Por ali, foram registradas quatro tentativas de suicídio e a estratégia coletiva tem sido mostrar que cada um pode tentar criar vínculos com os vizinhos para mostrar que toda vida vale a pena.
Nesta semana, um grupo que inclui o síndico do condomínio, Dirlon Itamere Nolasco, se reuniu para escutar um psicólogo e falar sobre as próprias vivências. Entre as falas, o que se destacou em comum foi a importância, é claro, da família estar atenta, mas também quem mora lado a lado.
Pensando nas rotinas do cotidiano, o próprio encontro organizado pelo síndico e por parte dos moradores exemplifica a dificuldade. Isso porque, em geral, quem participou do encontro foram basicamente aqueles que se envolveram na organização.
“Nós vemos que as pessoas não se conhecem e estabelecer vínculos é uma das formas de prevenção”, explicou o psicólogo da USF (Unidade de Saúde da Família) Arnaldo Estevão de Figueiredo, Raphael Vicente da Rosa.
Convidado a falar sobre o Setembro Amarelo, Raphael destacou os altos índices de tentativas de suicídio em Campo Grande, sinais para se atentar e, principalmente, formas de prevenção.
Em geral, falar sobre o assunto, acolher as pessoas e se atentar para sinais como mudanças de comportamento são os pontos mais nítidos a se construir. O problema é que, em um condomínio, a dificuldade parece aumentar.
Segundo o síndico, houve uma capacitação para mais de 100 moradores envolvendo técnicas de primeiros socorros, por exemplo. Isso pode ajudar em casos de emergência, mas estabelecer uma rede de contatos, de acolhimento é o que sai do controle.
“Por isso, a gente quis fazer a conversa com o psicólogo e oferecer isso aos moradores. É nossa tentativa de falar sobre o tema, de tentar tirar isso do esquecimento”, explica Dirlon.
Moradora e assistente social da USF, Luciene Ajala foi uma das responsáveis por ajudar na organização do evento. Fazendo questão da reunião, ela comenta que apesar da dificuldade em chegar até os moradores, oferecer a oportunidade já é muita coisa.
“Nós sabemos que precisamos trabalhar na prevenção, na conversa, por isso pensamos no psicólogo. O suicídio, a depressão são assuntos sérios e a única forma que temos de ajudar é aprendendo e conscientizando sobre prevenção”, diz Luciene.
Também moradora e servidora da USF, a enfermeira e agente comunitária Marlene Vandes já chegou a ajudar em situações que poderiam ter acabado de forma trágica. Ela conta que soube pelo neto que uma das crianças do condomínio estava passando por dificuldades.
E, justamente pelo olhar atento, notou toda a situação. Marlene descreve que seu neto havia mudado o comportamento aos poucos, havia começado a se ferir e, no fim das contas, todo um grupo estava fazendo o mesmo.
“Ele contou que um amigo queria tirar a vida, então a gente foi correndo, chamamos a emergência e deu para controlar a situação naquele momento”, explica.
Pensando nesse caso e em outros que se espalham pela cidade, ao menos tentar entender mais sobre o assunto passou a ser algo essencial para o grupo.
Procure ajuda
Caso queira conversar e ainda não saiba como começar, em Campo Grande, o GAV (Grupo Amor Vida) presta um serviço gratuito de apoio emocional a pessoas em crise através do telefone 0800 750 5554. Ligue sempre que precisar. O horário de funcionamento é das 7h às 23h, inclusive, sábados, domingos e feriados.
Além disso, as próprias unidades do SUS também podem fazer encaminhamentos psicológicos. Basta ir a uma das unidades de saúde ou procurar diretamente o Caps (Centro de Atenção Psicossocial).
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